Música Ritual

Publicado por JAM Music em

por Miriã Machado Cassol

O dicionário Aurélio define ritual como livro que enumera as cerimônias e ritos que devem ser observados na prática de uma religião. Conjunto desses atos e práticas, rito, cerimonial.

Nas mais diversas sociedades pode-se notar a presença de rituais religiosos e culturais, inclusive desde a era Paleolítica há evidencias de instrumentos e atos ritualísticos. Cada ritual tem um simbolismo em cada sociedade, e pode ser realizado em grupo ou por apenas um indivíduo, em um lugar e por um período específico com danças, músicas, comidas, roupas e pinturas específicas.

A música no contexto ritual é um instrumento de comunicação e expressão da cultura da sociedade, e muitas vezes essencial para a cerimônia. É utilizada em muitas religiões, como candomblé, satanismo, maçonaria, cristianismo dentre outras.

Por exemplo, o povo indígena Kapalo, ainda existente no Brasil utiliza a música para enfatizar as diferenças dos sexos e na comunicação entre categorias desiguais dos indivíduos nas aldeias, como homens e mulheres, adultos e crianças, etc. Os instrumentos geralmente utilizados para a prática musical dos indígenas no Brasil são os idiofones (geralmente feito de sementes, pedras e madeiras), membranofones (pouco comuns), aerofones (geralmente flautas e apitos de madeira e bambu) e zumbidores (cabos ligados por uma corda a uma pequena peça de madeira) que em muitas tribos são utilizados em cerimônias funerárias por serem considerados instrumentos diretamente ligados à morte.

A música “Ritual” da banda Ghost é um exemplo de música utilizada para invocação de demônios no satanismo, apresentando trechos de orações e descrições de sacrifícios realizados no ritual.

Além de ser utilizada em religiões a música também está presente em diferentes culturas como forma de celebração, lamentação, cerimônia e expressão de ideais. Os hinos da idade média e da revolução francesa são exemplos de diferentes épocas de músicas utilizadas para estabelecer e firmar as idéias defendidas nas épocas e um instrumento para unir o povo a um sentimento semeado nos cidadãos através de canções.

O hino Horst Wessel Lied foi uma música que se tornou um dos hinos oficiais da Alemanha durante o governo do partido nazista. É cantada em ritmo de marcha por diversos homens e em andamento acelerado e acentuado, entusiasmando o povo alemão na luta contra os povos considerados impuros por eles. Parte da música, traduzida do alemão diz:

“A bandeira ao alto! As fileiras cerradas! As SA marcham em firme e corajoso passo. (…) Milhões olham já para a suástica, cheios de esperança.

O dia da Liberdade e do pão desponta! A chamada por feita pela última vez! Estamos preparados para a luta! Em breve a bandeira de Hitler flutuará sobre as barricadas.”

Através desses exemplos e de muitos outros que existiram e existem em diversas sociedades pode-se perceber que a arte musical e as artes em geral tem um papel de extrema importância nas culturas dos grupos humanos. Muitas vezes são embutidas sutilmente na sociedade para que os ouvintes internalizem os ideais expressos pela arte. Desde a Idade das Pedras há indícios de pinturas e artes que estabeleceram padrões e rituais da época, indicando que a utilização da música ritual não é uma estratégia com origem contemporânea, apesar de ser muito utilizada atualmente.

Categoria: Blog

2 Comentários

Fran · 4 de outubro de 2014 a 02:00

Muito legal! :D Pena que hoje parece ser tão difícil reconhecer traços assim presentes nas músicas já que a forma contemporânea banaliza um pouco isso, ou sei lá, apenas influência cada um de maneira bem mais sutil e não tão pedagógica e mística como nos rituais citados. De qualquer jeito, ter conhecimento do quanto a música é importante em nossas vidas já é maneiro haha.

Jobson · 26 de setembro de 2014 a 14:47

Muito interessante! Gostei!

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