Cifras Musicais: a solução que resolveu um dos problemas para a notação musical, mas gerou outros!

Publicado por JAM Music em

por Bruno Ismael Zalandauskas

              

             Apesar de ter um grau de praticidade, na cifra perde-se muita informação, como por exemplo: a altura das notas, distância entre elas, inversão dos acordes, duração, rítmica… Conseguimos saber somente quais são as notas usadas.

            Embora o sistema de cifras dentro da música remeta ao período medieval, as letras eram utilizadas inicialmente para a escrita das notas musicais. E, ainda naquele período passou a ser utilizada para acordes e baixo continuo. Ainda que fossem utilizados em sua maioria, apenas para tríades (e neste contexto, suprem bem o seu papel).

            Com o avanço da escrita musical para o pentagrama (aquelas famosas 5 linhas onde escrevemos as notas de uma música) e com o avanço estético e harmônico das pecas musicais, saindo de linhas monofônicas, e passando a incorporar polifonias, bem como a utilização de acordes com quatro ou mais vozes (notas), as cifras se depararam com alguns obstáculos.

            Como escrever numa notação que abrangia apenas 3 notas (fundamental, terça e quinta) de maneira bem prática, o uso dessas notas a mais?

            Se temos 3 notas, das quais a primeira é fixa (a fundamental), a terça pode ser tanto Maior, quanto menor, e a quinta é fixa (para acordes maiores e menores, a quinta é sempre justa).

            Uma notação com um símbolo é suficiente para representar, visto que dessa combinação de notas, podemos ter apenas  dois tipos de acordes: Maiores e menores.

            Neste caso, poderíamos representar com a letra maiúscula, os maiores, e com a minúscula, os menores. Sem gerar problemas de interpretação.

            Por exemplo, Dó Maior e dó menor:

            No entanto, a convenção é de se usar sempre a cifra maiúscula, logo, precisamos de algo pra diferenciar os acordes maiores e menores. Desta forma, passamos a usar a letra maiúscula sozinha, para representar os acordes maiores, e acompanhada de um “m” minúsculo. No exemplo de Dó Maior e dó menor, passamos a ter:

              Entretanto, se podemos alterar a quinta, dentro desse acorde, passamos a ter mais duas possibilidades: os acordes diminutos (terça menor e quinta diminuta) e os aumentados (terça Maior e quinta Aumentada), neste ponto já surgiram os primeiros problemas. Pois cada região passou a utilizar um símbolo diferente para representar esses dois acordes. Ainda que, para a representação do diminuto, o mais comum é utilizar “⁰” após a cifra, existem outras formas de representar. E para o aumentado, houve pouco consenso entre o símbolo, alguns utilizam “△”, outros um sinal de “+” entre várias outras formas.

               Quando adicionamos a sétima, ao acorde, passamos a ter a possibilidade dela ser Maior, menor ou diminuta, logo, em teoria, passamos a ter 3 variações para cada um dos acordes anteriores. E as notações para e essas sétimas, variaram em cada lugar, novamente, sem consenso!

            As próximas notas, que são a nona, décima primeira e décima terceira, chamadas de notas de tensão, sempre vêm após a cifra, entre parêntesis, e possuem comumente as regras:

  • Se forem maiores ou justas, apenas o número que a representa.
  • Se forem menores ou diminutas, um bemol precedendo o número e, se forem aumentadas, um sustenido precedendo o número.

                A partir daí, o sistema de cifras se tornou quase uma linguagem à parte dentro da música. Cada região com símbolos próprios, o que dificultou a comunicação musical entre culturas.

 

            No Brasil, temos influência muito forte da notação Americana. Ainda que ocasionalmente surjam diferenças. A convenção aqui é (X sendo termo genérico para qualquer nota):

             Note que as notas de tensão (9, 11 e 13) vêm entre parêntesis após a cifra. E notas alteradas, como a quinta diminuta/aumentada e a sétima diminuta também vão entre parêntesis, no entanto, quando a sétima é menor ou maior, ela precede o parêntesis.

            No caso do acorde conter a segunda, quarta ou sexta, estas seguem a mesma regra da nona, décima primeira e décima terceira, respectivamente!

            Outro detalhe importante é no acorde suspenso (sem a terça), coloca-se “sus” após a cifra, mas antes dos parêntesis das notas de tensão.

            E por fim. Quando incluímos uma nota de tensão, parte-se do pressuposto que todas as notas anteriores a ela também fazem parte do acorde! Caso contrário, precisamos dizer que esta nota foi adicionada, utilizando “add” antes dela.

            Logo, se falamos Dó maior com décima primeira, partimos do pressuposto que além da tríade, a sétima e a nona também fazem parte do acorde. Se quisermos apenas a tríade mais a décima primeira, dizemos que é um Dó maior, com décima primeira adicionada.

          

 

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Categoria: Blog

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